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Channel: Roteiros de quadrinhos
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Oficina de roteiro com Gian Danton

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Amanhã estarei no Museu da Imagem e do Som (2o piso do Teatro das Bacabeiras) ministrando uma palestra sobre roteiro para quadrinhos com foco na produção de textos e diálogos. A oficina é gratuita e qualquer um pode participar. Não é necessário fazer inscrição.

Caligari: a história de uma adaptação

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    O sucesso do filme Caligari fez com que ele fosse adaptado mais de uma vez para outras mídias. A obra já foi citada diversas vezes em gibis e ganhou uma adaptação em quadrinhos em 1992, pela editora Monster Comics, numa minissérie em três partes assinada por Ian Carney e Michael Hoffman. Em 1999, os roteiristas Randy e Jean-Marc Lofficer e o ilustrador Ted Mckeever juntaram elementos de Batman, Super-homem, Metrópolis e Caligari no especial Nosferatu. Quando Tim Burton lançou o segundo filme do Batman, em 1992, o visual do Pinguim era inspirado em Caligari, visual que depois foi aproveitado no desenhado animado dirigido por Bruce Tim.
    Curiosamente, embora os quadrinhos de terror sempre tenham feito muito sucesso no Brasil, em nosso país nunca o filme de Wiene havia sido adaptado para a nona arte.
    A idéia para isso surgiu em 1998. Nessa época estava sendo lançada a graphic novel Manticore, em duas partes, com roteiro meu, pela editora Monalisa. O sucesso de crítica (a revista ganhou o HQ Mix, o Angelo Agostini de melhor roteirista e o prêmio da Associação Brasileira de Arte Fantástica) fez crer que a revista teria uma continuidade. A idéia, então, era transformar a Manticore numa revista mix de terror e ficção-científica nos moldes da extinta Kripta. Uma das ideias era fazer histórias sobre mitos urbanos, como O bebê diabo e sobre clássicos de terror, como Caligari.
Uma série de decisões editoriais equivocadas fez com que a revista, apesar do sucesso, não tivesse continuidade, mas algumas dessas histórias seriam de fato produzidas. As duas citadas acima foram lançadas em 2008 pela editora HQM no especial Quadrinhofilia, que reúne trabalhos de José Aguiar.
O processo de adaptação começou com uma análise do filme. Eu e o desenhista assistimos ao Gabinete do Dr. Caligari juntos, fazendo anotações. A ideia era captar as principais características da história, afinal, o segredo de uma adaptação não é ser totalmente fiel à trama, mas ser fiel ao espírito da ideia original. Assim, a deformação dos cenários e a maquiagem exagerada foram os elementos mais facilmente percebidos. Como havia uma limitação de seis páginas, a história precisava ser condensada, mas ainda assim fazer sentido e ser fiel.
Uma das questões discutidas foi com relação ao uso de diálogos e legendas. Como o filme é mudo, o caminho mais fácil seria fazer uma HQ muda. Mas cinema e quadrinhos são mídias completamente diferentes e fazer isso seria um erro. Mesmo em seus primórdios, as HQs não eram mudas, pois não havia limitação técnica ao uso da linguagem falada. Assim, decidiu-se que se teria diálogos e legendas (representando a fala de Alan, em off).
    O passo seguinte, após a estruturação de um argumento-sinopse, foi a elaboração de um roteiro.  O roteiro das duas primeiras páginas é apresentado abaixo, para dar uma ideia dessa fase da adaptação:

Página 1
Q1 – Plano detalhe de folhas secas caídas no chão.
Velho (off): Os espíritos... eles estão em todos os lugares...
Q2 – Plano médio. Francis e o velho estão sentados, lado a lado, conversando.
Velho: Nos amedrontam... eles me afastaram de minha mulher e meus filhos.
Q3 – Os dois estão conversando, mas agora Francis olha para o lado, para Jane, que aparece vestida de branca, quase como um espírito.
Velho: Foi assim que aconteceu, meu rapaz...
Q4 – Jane passa pelos dois, sem notá-los. Quadro mudo. 
Q5 – Quadro horizontal. Créditos. Francis e o velho em primeiro plano, vistos de costas, enquanto Jane afasta-se, em último plano.
Velho: Conhece a jovem?
Francis: Aquela é minha noiva, Jane.
Q6 – Alan e o velho conversando, em plano médio.
Francis: A pobre jamais se recuperou do que nos aconteceu...
Q7 – Agora um plano fechado dos dois, conversando. Francis, agora em segundo plano, sendo observado, com olhar perdido, pelo velho.
Francis: Também tenho uma história...
Q8 – plano fechado de Francis, em gesto amplo, expressionista.
Francis: ... ainda mais extraordinária do que a sua...
Q9 – Close de Francis. Destaque para seu olhar melancólico, ampliado pela “maquiagem pesada”.
Francis: Tudo começou com a chegada da feira de variedades à nossa cidade.

Página 2 Nesta página teremos um quadro grande, o 4, ocupando boa parte da página, num tom expressionista.
Q1 – Quadro geral da feira, com Caligari aproximando-se do leitor.
Texto: E com a feira
Q2 – A continuação da mesma cena, mas agora Caligari já está mais próximo de nós.
Texto: veio
Q3 – Agora o quadro é tomado por Caligari.
Texto: O doutor Caligari.
Q4 – Chegamos ao quadro de impacto da página. Caligari espera o escrivão. Como combinamos, a mesa do escrivão é extraordinariamente alta e distorcida, simbolizando, como no filme, o monstro da burocracia. Caligari é visto como pequenino diante desse monstro.
Texto: Antes de instalar sua feira, o doutor foi pedir permissão ao escrivão. Ele foi duramente humilhado. Teve que esperar por horas para ser atendido.

O exemplo serve para demonstrar como foi o processo de adaptação nessa fase de estruturação do roteiro. Bom lembrar que tal roteiro foi construído a partir das conversas entre desenhista e escritor, e reflete essa conversa. Posto isso, passemos a analisar o texto. 
A fala de Francis, quebrada, nos três primeiros quadros da página 2, revela influência do quadrinho britânico do final dos anos 1980, em especial de autores como Neil Gaiman (Orquídea Negra) e Alan Moore (Monstro do Pântano).
A narrativa, em off, é intencionalmente coerente e racional, como forma de evitar que o leitor perceba que se trata de um conto de um louco, o que já é evidenciado pelo desenho, sendo uma pista de como a trama irá terminar. Assim, o roteiro procurou preservar o final surpresa.
Se o texto parece uma narrativa fantástica contada por um homem racional, o desenho distorce essa narrativa, demonstrando o real estado das coisas.
A segunda página, já descrita no roteiro acima, apresenta o quadro de impacto de Caligari pequeno, numa perspectiva distorcida, diante da enormidade da burocracia.
A página 3 é dominada pela figura esguia de Cesare. A magreza e altura atípica do personagem orientam a leitura, que ganha foco no rosto fantasmagórico do sonâmbulo. Os personagens normais são eclipsados por essa figura distorcida.
A página 4 é centralizada pela figura de Jane, como se os fatos refletissem dela. Ao fitar a página, o leitor tem seu olhar magnetizado pelo olhar assustado de Jane e sua figura, em sépia azul. A tendência do olhar é correr na direção do último quadro, em que Cesare agarra Jane, sequestrando-a.
Esse caos da diagramação reflete o caos interno dos personagens, suas angústias e inquietações, no que poderia ser considerado um equivalente quadrinístico da técnica expressionista.
Avançando, na página 6 temos a prisão de Caligari. Ele se contorce e grita, lutando com os médicos. Vista em oposição à página seguinte, vemos que ela se reflete no quadro 4 da página 7. Ali é o narrador que é preso e repete a mesma posição de Caligari, como se fossem duas faces da mesma moeda: num lado a racionalidade, no outro a loucura. Como o lado racional é na verdade uma narrativa distorcida, uma falsa racionalidade, esse contraste cria uma inquietação no leitor que nos lembra o conceito de obra aberta, de Umberto Eco, que pretende renovar nossa percepção e nosso modo de compreender as coisas.
    Na página 7 há um diálogo, não existente no filme, que pretende destacar exatamente a crítica ideológica do filme, pensada originalmente pelos roteiristas (Janowitz e Carl Mayer). Alan pula sobre Caligari e grita: “Tolos! Não percebem? Ele planeja nosso destino!”.
A fala é uma referência direta à interpretação de Kracauer, segundo o qual Caligari antecipa Hitler e o nazismo. Assim, se por um lado respeitamos a moldura introduzida por Fritz Lang, por outro destacamos a crítica social e política imaginada pelos roteiristas.

Imaginários quadrinhos - selecionados

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A editora Draco anunciou início deste ano que iria investir em antologias de HQs, a série Imaginários Quadrinhos. Pelos outros trabalhos publicados pela Draco, esse álbum tem sido esperado ansiosamente pelos fãs.
Pois a editora anunciou os escolhidos para o primeiro número. São:

1- “Valquíria em O Homem que Veio do Céu”

Arte: Alex Genaro / Roteiro: Alex Mix

2- “ÔCH”

Arte e roteiro: Raphael Salimena

3- “Apagão”

Arte: Camaleão / Roteiro: Raphael Fernandes

4- “Gélidas Memórias”

Arte: MJ Macedo e Geannes Holland / Roteiro: MJ Macedo

5- “O Caso do Monstro do Ártico”

Arte: Marcus Rosado / Roteiro: Zé Wellington

6- “A Revolução Não Será Compartilhada”

Arte: Dalton Dalts / Roteiro: Raphael Fernandes

Mais informações no blog da editora.

O roteiro nas histórias em quadrinhos

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Gian Danton oferece, neste livro, sua experiência de mais de duas décadas lidando com as Histórias em Quadrinhos, seja produzindo roteiros, seja ministrando cursos sobre o assunto. 
Nas palavras do autor, em O roteiro nas Histórias em Quadrinhos “o neófito pode encontrar todas as dicas para se tornar um roteirista de qualidade. Mas vale lembrar que nenhum livro ou curso, por melhor que seja, é capaz de realizar milagres. Escrever quadrinhos, ao contrário do que pensa a maioria das pessoas, exige muito esforço, dedicação e perseverança. E exige também muita leitura”. 
Alguns temas tratados no livro: 
Como criar personagens
Como criar a ambientação 
Tramas
Diálogos 
Texto 
Como fazer um projeto

Entrevista com Flávio Teixeira, roteirista da Turma da Mônica

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Flávio inspirou a criação de um personagem, primo do Rolo.

Flávio Teixeira é um dos mais atuantes roteirista do estúdio Maurício de Sousa Produções.  Entre os seus trabalhos se  destacam várias adaptações de filmes e o casamento da Mônica na versão jovem. Os fãs se deliciam com sua verve para o humor, o trocadilho e as referências à cultura pop com as quais enche suas histórias. Nesta entrevista ele fala um pouco de sua carreira de seu processo de criação. 

O que você lia quando era criança?
Eu comecei a ler turma da Monica, que acho que todo mundo lê quando é criança, e algumas coisas estranhas para mim na época, como Fantasma, super-heróis, mas o que mais me cativou foi a Turma da Monica, o que me ajudou, pois depois, como ia trabalhar com esses personagens, foi isso que acabou me formando como roteirista.

Como você começou a escrever roteiros?
Quando era criança eu adorava a escrever histórias. Fazia histórias dos meus personagens, os professores me incentivavam e aos sete anos eu fiz uma historinha e mandei para a Folhinha, que tinha um espaço chamado futuro artista. Mal sabia eu que ia ser mesmo um futuro artista de quadrinhos. Quando cresci, fui trabalhar com desenho animado, como desenhista, eu nem sabia que existia roteirista. Na época do plano Collor eu fui demitido e sugeriram que eu procurasse o Maurício e lá um amigo disse que eu tinha muita criatividade e sugeriu que eu fizesse teste para roteirista. Eu comecei a fazer em folha de caderno. Aliás, o primeiro roteiro que fiz foi o Batmão, que é uma história do Batman com o Jotalhão em que ele vai assistir a um filme do Batman e pede para a Monica fazer uma roupa para ele. Foi o primeiro que eu fiz, mas o primeiro que publicado foi da Dona Morte, que é um personagem que adoro. Eu inclusive dei uma mudada na personagem. Os roteiristas tinham uma outra maneira de fazer ela, uma coisa mais durona. E era meio assexuada. Era dona morte, mas não era bem uma mulher e eu comecei uma Dona Morte mais gente boa, mais feminina. Fui mudando aos poucos, o Mauricio aceitou e eu achei muito legal. A primeira história que saiu trata de suicídio, que hoje seria impossível por causa do politicamente correto. Era um cara tentando se jogar de uma ponte com uma pedra, e a Dona Morte convencia ele a não fazer isso porque ele não estava na cota dela .

Qual o personagem que você mais gosta de escrever?
É a Dona Morte. Se você pegar as minhas histórias, vai ver que de alguma forma ela sempre aparece. Eu adoro porque ela foge do clichê. A dona morte só precisa pegar alguém e isso dá asas para a imaginação. Tem uma das histórias que eu mais gosto que ela vira criancinha, a Mortinha e ninguém respeita mais ela. Tem aquela que fiz do Papa, que também teve uma repercussão bem legal. Aliás, aquela história eu fiz na rodoviária.
Dona Morte, personagem predileta.

Qual o personagem mais difícil de escrever?
Então, o roteirista do estúdio MSP tem que saber escrever todos os personagens, mas o núcleo que eu tenho mais dificuldade é a Turma da Mata, porque tem aquele lado político, mas ao mesmo tempo não pode ser muito político. Como eu tendo mais para o humor, quando vou eu alopro, eu faço umas histórias que brincam bem com esse lado do rei, do reinado. Outro difícil é o Horácio, que é um personagem do Maurício. A gente tenta de vez em quando, mas é muito pessoal, difícil conseguir emplacar um roteiro. 

De todas as histórias que você fez, qual  você mais gosta?
É complicado. É como filho, difícil dizer qual a gente mais gosta, mas eu gosto muito dos clássicos do cinema. Eu gosto muito de Coelhada nas Estrelas, porque sou fã de Star Wars.

Mestre do trocadilho, Flávio adora fazer adaptações de filmes.

Foi você que criou os trocadilhos com os filmes, como “O império contra a vaca”?
Sim. O pessoal diz que sou o rei dos trocadilhos. Eu posso perder o amigo, mas não perco a piada. Teve o Astroboy, que virou Astroboi. Eu adoro fazer trocadilhos...

Esses trocadilhos já ficaram famosos. Lá em casa ninguém mais diz O Império Contra-ataca, é 
O Império Contra  a Vaca...
Rsrsrs verdade. E tem muita coisa. Por exemplo, Avatar, virou Avaturma, vem fácil.
Flávio foi o roteirista do casamento mais esperado dos quadrinhos.
 Como é o seu processo criativo?
Depende. Se o prazo é curto, você fica às vezes meio tenso. Se você me vê andando para lá e para cá é porque eu estou tenso, eu estou num processo criativo  e ainda não sei para onde eu vou. Às vezes eu tenho uma ideia e ela vai para três quatro lugares diferentes e eu tenho que me ater a uma só. Eu sou um cara que gosta de pesquisar muito sobre o assunto da história.  Se vou fazer a história de um filme, vou pesquisar sobre o filme, se vou fazer a história da pizza, vou pesquisar. Se na pesquisa vejo a referência a Nápoles, vou pesquisar o que é Napoles, é um link infinito. No mangá eu tenho um estilo próprio. Eu escrevo a história de forma corrida em 12 páginas de texto porque os mangás têm que ter 120 páginas. Então cada página de texto tem que me dar 10 páginas de quadrinhos. Na hora em que estou passando a limpo é que começo a pensar no layout porque layout de mangá é diferente e eu começo a pensar: aqui era para dar 10, deu 6, legal, vai dar para desenvolver um pouco mais outra sequencia...

Como você escreve?
Como se fosse uma peça de teatro. O cebolinha fala, a Monica fala, etc e a descrição das gags visuais. Na hora de passar a limpo, faço o layout e vem coisas novas.

Uma coisa interessante do Maurício é que, apesar do processo ser meio industrial, cada um tem um estilo e dá para perceber isso nas histórias. A minha filha, que é especialista em turma da Mônica, diz que o seu forte é o humor.
Isso. Cada um tem uma marca. A turma da Monica Jovem minha, por exemplo, é bem mais leve. É um humor de fazer gag o tempo todo. Cada roteirista tem o seu estilo e ele aprece nas histórias. Por exemplo, se você lê uma história do Mingau, você sabe que é do Paulo Back porque ele tem, tipo, 10 gatos em casa e sabe tudo de gatos. As histórias do Emerson têm um estilo que você diz: só o Emerson para fazer isso. Ele faz umas coisas bem doidas que só poderiam sair da cabeça dele.

O que você gosta de ler, de quadrinhos?
Eu leio de tudo.  Leio super-herói, comecei a ler muita coisa de quadrinho europeu graças ao Sidney Gusman, que começou a me trazer muita coisa legal.

Eu já percebi nos seus quadrinhos uma pegada meio Asterix, com muita gag visual.
O Asterix me influenciou muito. Eu adoro os trocadilhos do Goscinny. Eu li e fiquei pirado. Calvin também. Foram verdadeiras escolas de roteiro. Aliás, quando comecei, o Maurício falava: tá muito Calvin isso aqui, dá uma maneirada...rsrsrs

Que dica você daria par os novos roteiristas?
Você tem que ser muito apaixonado por roteiro e você tem que ler de tudo, não pode ter preconceito: quadrinho europeu, quadrinho americano, mangá. Você não pode ficar viciado em uma coisa só. E você tem que se dedicar à pesquisa. A pesquisa vai transformar muito seu roteiro.

Depoimento sobre o livro O roteiro nas histórias em quadrinhos

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O quadrinista Renato Medeiros escreveu, no Facebook, um depoimento sobre o meu livro O roteiro nas histórias em quadrinhos, publicado pela editora Marca de Fantasia (www.marcadefantasia.com.br). Renato é um dos grandes nomes dos quadrinhos do Rio Grande do Norte.  Leia
abaixo a íntegra:


Caro Gian Danton, agradeço a sua pessoa pelo incrivel livro que escreveste sobre roteiro de historias em quadrinhos. Grande material e incrivel clareza. Parabéns! Que você continue nos esclarecendo as dúvidas desse mundo das hqs. Nem tenho palavras para agradecer, mas uma que acho mais apropriado deve significar alguma coisa que é: ajuda, agradecido! Recomendo recomendo seu livro e seu blog a todos que desejam fazer roteiro de HQ. Aliás no TOP, TOP do Manassés na Paraíba que ministrei uma óficina de roteiro para HQ mencionei seu livro e sua relevância para as feitura das comics. Muito bom!

Nelson Padrella, o poeta dos quadrinhos

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Pouco conhecido das gerações atuais, Nelson Padrella é um dos melhores roteiristas de quadrinhos de todos os tempos. Em plena década de 1970 ele escrevia para a editora Grafipar roteiros eróticos que misturavam quadrinhos com poesia para os quadrinhos, antecipando o que seria feito posteriormente por artistas como Alan Moore, Neil Gaiman e Edgar  Franco.
Abaixo uma entrevista que fiz com ele por e-mail:

1 - Quando você começou a escrever ficção? 
Tive um ótimo aprendizado no ginásio de Palmeira, onde me foi incutido o gosto pela leitura e, em conseqüência, pela experiência de escrever. Como tenho mania de grandeza, minha primeira obra foi um romance, inédito até hoje e sempre. Palmeira não oferecia muita chance para um adolescente. Ou era roubar fruta nos quintais e ser um mau menino ou era fazer o que fiz e me tornei um rato de biblioteca. A velha biblioteca de Palmeira não tinha lá grande riqueza, principalmente naqueles remotos anos 50.
Minha saída de Palmeira e chegada a Curitiba deu-se no fim daquela década, e logo me enturmei com o grupo de intelectuais da cidade: Walmor Marcellino, Sylvio Back, René Dotti, Helio Puglielli e outros. Com a chegada dos militares ao Poder, fomos os primeiros a lançar um livro de ficção contestando o Golpe. Sete de Amor e Violência trazia trabalhos de sete escritores comunistas porque era comunista todos aqueles que criticassem a nova ordem. Foi minha primeira ficção publicada. Depois vieram outros livros, prêmios nacionais e estaduais. Até o lançamento de Meu Bimbim, prêmio Melhor Paranaense em concurso nacional.
2 - Como você começou a publicar na grafipar? É verdade que o Faruk disse que o seu primeiro roteiro parecia ter sido escrito por uma freira? 
A importância da Grafipar para mim foi que ela acenava com a possibilidade de eu fazer o que mais gostava de fazer: Escrever (e pintar). E ainda me pagariam por isso. Apresentei ao Faruk um texto para quadrinização. Foi lido e devolvido, parece que faltou pimenta. Então, imbuído das minhas melhores sacanagens escrevi uma história realmente picante – e esse picante aí não está gratuito. Entreguei em mãos do Faruk, talvez até achando que ele me admoestaria pelo conteúdo do texto mas, após ler minha encíclica, disse que esse seria um texto que até a madre superiora poderia redigir. Isso mexeu com os meus brios e a partir dalidepravei geral, para gáudio da HQ e desgáudio da caretice da época.
Padrella costumava colocar referências aos amigos quadrinistas nas histórias, como nessa página. 

3 - Você lia quadrinhos na época? Que tipo de quadrinho lia? Quais eram suas influências? 
Comecei a ler quadrinhos quando ainda não sabia ler. Explico: Morava no Rio de Janeiro e meu pai trazia o jornal e dentro dele suplementos do Gibi e do Globo. (Havia revistas de HQ com esses títulos: O Gibi Mensal e O Globo Juvenil Mensal, O Guri, etc., mas essas meu pai não comprava. O que eu “lia” eram os suplementos. Eu teria 6, 7 anos).  Fui morar em Palmeira em 1947 e lá sequer havia banca de revista. Era um sacrifício para meu irmão e eu conseguirmos comprar o Almanaque d’O Globo Juvenil Mensal, que passava de trem oriundo da capital. Dias e dias de tocaia na estação para localizar o jornaleiro dentro do trem e rezar para que ele estivesse nas imediações de seu revistório e não alhures oferecendo jornais aos passageiros.Quando finalmente foi aberta a Banca do Seo Zeca, na pracinha da igreja, eu lia tudo: Foi o tempo de ouro da Brasil-América. E essa editora não parava de lançar títulos novos, em todas as áreas. Haja mesada!

4 - Você acompanhava as histórias depois que elas eram publicadas? Conferia como ficava?
Final dos anos 60 vim morar definitivamente em Curitiba. Pintava telas e vendia bem, e fiz nome no cenário das artes plásticas nacionais. A entrada no mundo das HQs deu-se por acaso. Fui convidado para mostrar meu trabalho e o resto você já sabe. Quando meu texto passou a agradar ele era disputado pelos maiores quadrinistas do país; Shimamoto, que só desenhava o que ele próprio escrevia, pedia textos meus. Outro que só trabalhava na base do “eu faço tudo” foi o Eros Maichrowicz, que também pedia textos meus. Até Claudio Seto, em cuja criação Maria Erótica ninguém botava a mão, aceitou minha colaboração. Eu procurava ficar sempre com um ou mais exemplares de todas as revistas da Grafipar. E meu desvelo valeu porque enriqueceu a recente mostra de quadrinhos de Curitiba. E é interessante você ver um texto seu quadrinizado, principalmente se o desenhista enriquece seu trabalho.

5 - Qual era o seu desenhista predileto? 
Eu gostava muito da delicadeza dos traços mágicos de Rodval Matias, acho que era meu preferido. E também amava o traço ousado de Eros Maichrovicz. E alguns outros, como mestre Shimamoto, de que me lembro.

6 - Você foi um dos primeiros a colocar poesia no texto quadrinístico. Você já tinha visto alguém fazer isso, ou foi intuitivo? 
Aos desenhistas agradava meu texto porque fugia do convencional (preparação para transa e a transa em si). Eu inventava um certo surrealismo que,  se podia destoar do enfoque principal (a transa), por outro lado enriquecia a história, levando o leitor a outro patamar. Os desenhistas deviam estar enjoados da mesmice, e lá vinha o velho Padrella com seu lirismo, criando um pouco de música, um tango argentino dançando entre os personagens. Na realidade, era-me muito penoso escrever a coisa crua, o ato sexual sem arte. Um pouco de “poesia” levava a história para o campo da arte, e isso agradava ao leitor e a mim. Foi tudo intuitivo.

7 - Como era o seu processo criativo? 
Para criar histórias não havia na realidade um processo. Era sentar diante da Remington, colocar ali a lauda e mandar bala. A coisa fluía como se outro que não fosse eu tirasse as rédeas de mim e cavalgasse livre pelos campos da criatividade.

8 - Como você começou a escrever histórias gays? 
Ah! Isso de histórias gays é bem interessante. Pululavam em todo território nacional leitores ávidos pelas revistas da Grafipar. E dá-lhe a editora a lançar novos títulos. Começou com histórias de amor e a revista capitã foi Eros. Durou pouco porque já havia esse título alhures e Eros mudou de nome e ficou sendo Quadrinhos Eróticos. Em seguida, a mente incansável de Claudio Seto passou a apresentar à empresa uma gama de possibilidades. Tudo intimamente atrelado a sexo. Era sexo no faroeste, era sexo de terror, era sexo cobrindo todas as áreas. Sempre com muito sucesso. Tinha até leitor que, entusiasmado com o sucesso da Grafipar, incendiava bancas de revistas. Mas isso já outra história. Bom.
Não lembro exatamente como foi. Sei que encurtava para nós escritores os horizontes das possibilidades. Afinal de contas, tudo se resumia entre mulher procura homem, homem procura mulher. Estavam vetados certos rumos como zoofilia, religiões, militares, pedofilia. Isso causava pruridos em mim, que sempre fui provocador. Então, escrevi histórias com animais, que foram aceitas porque estariam dentro das normas. Botei freira na jogada. Inseri “dimenor” no jogo do sexo, o que contrariava o disposto em lei. Mas tudo foi escrito de maneira a encobrir com o pálido véu do lirismo as verdadeiras e sacanas intenções. Fui um infrator, reconheço. Mas homossexualismo, não. Jamais! Onde é que se viu! No entanto, provocador como sempre fui, pincelava aqui e ali uns lances estranhos. Em seguida, Seto abria o olho para mais essa possibilidades e a Grafipar  abriu as portas para o texto GLBTS&Cia. (Rose, uma revista de texto, dirigida aos rapeize, tinha sempre uma história curta de amor gay). Esclareço que não era fácil levar os desenhistas, tudo maxo de carteirinha, a desenhar histórias nessa linha. Acredito que fui o único escritor a criar textos gays para a Grafipar.



O Marvel Way

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O marvel way é uma modalidade de roteiro em que o roteirista discute com o desenhista, ou lhe entrega uma sinopse, e este desenha as páginas, que são posteriormente devolvidas ao roteirista para que sejam colocados os textos e diálogos. É chamado assim porque foi um método criado por Stan Lee e utilizado por todos os roteiristas da casa das ideias. Há um grande preconceito contra o marvel way. Uma pessoa, por exemplo, me dizia que Stan Lee não era co-autor das histórias, uma vez que ele se baseava no desenho pronto.
Houve uma época, nos primórdios dos quadrinhos em que o texto era realmente redundante com relação à imagem e até desnecessário. Arte: Antonio Eder

Essa visão equivocada e preconceituosa parte da ideia de que o texto é apenas um complemento do desenho numa história em quadrinhos. Isso podia até ser verdade nos primórios dos quadrinhos, quando o desenho mostrava o herói batendo no bandido e o texto dizia: "O heroi bate no bandido". Da Marvel para cá, o texto tem se caracterizado por permitir uma outra leitura do desenho, muitas vezes resignificando-o, como aconteceu com o Surfista Prateado, que era apenas um arauto de Galactus e, com o texto de Lee, tornou-se uma espécie de filósofo interestelar:  ¨Quando chegou a hora de estabelecer o seu padrão de discurso, comecei a imaginar de que forma um apóstolo das estrelas se expressaria. Parecia haver uma aura biblicamente pura no nosso Surfista Prateado, algo altruísta e magnificamente inocente¨. Isso é chamado de resignificar e é um princípio básico da arte moderna e pós-moderna.
Eu usei muito o Marvel em todas as histórias que escrevi com o compadre Joe Bennett. Nós discutíamos a história, o Joe muitas vezes fazia o rafe na minha frente e eu colocava o texto em cima do rafe.
Era sempre um desafio, pois Joe Bennett é da escola de Jack Kirby, John Buscema e Garcia Lopez, todos grandes narradores visuais. Ou seja: ele parecia contar toda a história apenas com imagens. Então logo descobri que meu texto deveria criar uma camada a mais de leitura e interpretação.
Uma das páginas que, lembro, me deram muito trabalho, foi a cena da história O farol. Na história, um casal de namorados encontra um farol desconhecido em uma praia deserta e decide investigar. Quando estão lá dentro, acabam se perdendo (não, não vão contar o resto). Na sequência abaixo, Fábio se separou de Cassandra e vai se desesperando aos poucos ao não conseguir encontrar a saída. Lembro que quando peguei a página rafeada, pensei: "Caramba, o que vou colocar aqui? O Joe já contou tudo com desenhos!". No final, o texto cria uma camada a mais de leitura, permitindo que o leitor conheça o personagem, sua história de vida e motivações. E, claro, termina com uma ironia, que só funciona em conjunto com o desenho...

Na história A Família Titã, eu o Joe não tivemos tempo para conversar sobre os detalhes da história. O compadre precisava de dinheiro urgente e o Franco havia nos pedido 30 páginas para duas semanas, com tudo pronto. Algum tempo depois, descobrimos que, para o Joe, o Tribuno era o vilão, afinal o desenho o mostrava praticando as mais terríveis barbaridades. Mas para mim ele era o heroi, e o texto justificava suas ações, dando uma motivação para o personagem. E até hoje muitos leitores fãs da dupla debatem se ele é um vilão ou um heroi. Eis um exemplo de  como texto e desenho podem permitir várias leituras de uma obra numa história em quadrinhos.
Na Refrão de Bolero, uma moça viaja para Belém e se encanta com Belém e diz que ela é uma cidade de cartão postal. No final, quando é assaltada e se vê sozinha e perdida, sem dinheiro ou conhecidos numa cidade que de fato não conhece, ela diz: "Agora tudo que eu tenho é um profundo corte na mão e uma cidade de cartão postal". O texto, além de dar um duplo sentido para a expressão "cidade de  cartão postal" (positivo no início, negativo no final), apresenta os sentimentos da personagem de uma forma que o desenho não poderia fazer. Vale lembrar que a ideia da história surgiu quando eu fui assaltado em Belém.
Os quadrinhos, portanto, são uma junção de texto e desenho em que nenhum é mais importante que o outro e a coisa só funciona se houver harmonia entre eles.

HQ de Gian Danton e Ricardo Manhães é selecionada em edital de literatura

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A história em quadrinhos Turma da Tribo, com roteiro de Gian Danton e arte de Ricardo Manhaes, foi um dos trabalhos selecionados no edital Simãozinho Sonhador, promovido pela Secretaria de Cultura do Estado do Amapá.
Turma da Tribo é uma história em quadrinho infantil voltada para temas amazônicos, como a preservação da floresta. Nela a realidade local, como um jantar à base de açaí e camarão, se mistura ao traço europeu de Manhães. Repleta de trocadilhos e palavras regionais (o vilão chama-se Doutor Malino), a série também se destaca pelo humor gráfico.
Na história, os índios Poti, Apoema e Toró encontram uma área de floresta devastada, com árvores caídas para todos os lados. Logo descobrem que se trata do plano de um vilão e seus desastrados ajudantes, que pretendem se apoderar de toda a madeira de lei da reserva. Para impedi-los, o trio contará com a ajuda de Baquara, o inventor da tribo. Mas a grande ajuda mesmo acaba vindo de um ser da floresta, o Caipora.
Gian Danton é roteirista de quadrinhos desde 1989, já tendo trabalhado para diversas editoras e revistas, entre elas a MAD. Durante anos foi o roteirista de Joe Bennett, com o qual criou a cultuada HQ Família Titã. Seu trabalho mais conhecido na área foi o texto da graphic novel em duas partes Manticore, ganhadora dos prêmios Ângelo Agostini, HQ Mix e Nova. Foi um dos selecionados para o álbum MSP+50 em homenagem aos 50 anos de carreira de Maurício de Sousa, para o qual produziu uma versão vintage do Astronauta, com desenhos de JJ Marreiro. Seu livro Grafipar, a editora que saiu do eixo, foi indicado este ano para o prêmio HQ Mix na categoria melhor livro teórico.
Ricardo manhães é ilustrador e autor de história em quadrinhos. Trabalhando há mais de 14 anos para o mercado europeu de HQ , conta com participações em coleções importantes do mercado Francês e Belga como “Les Guides en BD” e “Les Foot Furieux”, e também várias publicações traduzidas para o Holandês. Todos os álbuns publicados, seja solo ou em participações, somam mais de 160.000 exemplares vendidos na Europa. Em 2010 foi convidado a fazer sua versão da Turma da Mônica, em estilo Franco-Belga de humor, para o álbum MSP+50 em homenagem aos 50 anos de carreira de Mauricio de Sousa.
O gibi tem previsão de lançamento para o mês de dezembro. O projeto prevê a distribuição dos gibis na rede pública de ensino.

Livro sobre roteiro é o mais vendido da Amazon na categoria quadrinhos

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Meu livro Curso de roteiro para HQ está há dois dias como o mais vendido na Amazon na categoria Quadrinhos. Veja a lista completa aqui.

Lançamento em Natal

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Dia 06 de setembro, às 19:00 horas, na Livraria Nobel Salgado Filho, em Natal, vai acontecer o lançamento do livro Grafipar - a editora que saiu do eixo, com a presença do autor, Gian Danton.

Grafipar - a editora que saiu do eixo foi um dos finalistas do Troféu HQ Mix 2013, na categoria Melhor Livro Teórico sobre Quadrinhos.



SOBRE O LIVRO

A obra, escrita por Gian Danton, é resultado de mais de 20 anos de pesquisas e conta a história dessa editora e de seu líder, o descendente de japoneses e ativista cultural da colônia nipônica Cláudio Seto, também introdutor da linguagem do mangá no Brasil.
Na década de 1970, quando o assunto sexo ainda era tabu, surgiu no Paraná uma editora especializada em erotismo, a Grafipar, que logo se destacou com seus quadrinhos nacionais, sempre misturando erotismo com gêneros como terror, ficção científica, folclore e policial.
Em pouco tempo, a editora transformou Curitiba em um ponto de referência para os quadrinhos nacionais, para onde convergiram importantes desenhistas e roteiristas, como Mozart Couto, Rodval Mathias, Watson Portela, Gustavo Machado, Vilachã, Sebastião Seabra, Fernando Bonini, Itamar Gonçalves e Franco de Rosa, dentre outros.
O livro analisa as revistas da Grafipar, suas histórias e, ainda, trata dos bastidores da “vila de quadrinhistas”, que existiu em Curitiba no início dos anos 1980.
Grafipar – A editora que saiu do eixo (formato 16 x 23 cm, 168 páginas, R$ 35,00), Editora Kalaco.

SOBRE O AUTOR
Gian Danton, pseudônimo de Ivan Carlo Andrade de Oliveira, é escritor e roteirista amapaense de histórias em quadrinhos, além de professor da Universidade Federal do Amapá.
Começou a escrever quadrinhos com a história Floresta Negra, desenhada por Bené Nascimento (Joe Bennett), e publicada na revista Calafrio (editora D-Arte). Publicou em diversas editoras, como ICEA, Nova Sampa, Metal Pesado e pela estadunidense Fantagraphics Books.
Em 1991, ganhou o prêmio Araxá como melhor roteirista. Seu trabalho mais conhecido na área de quadrinhos foi a graphic novel Manticore, que contava a história do chupa-cabra com clara influência do seriado Arquivo X e dos escritores estadunidenses de ficção científica.Essa revista ganhou os prêmios Angelo Agostini, HQ Mix e Associação Brasileira de Arte Fantástica.
Em 2010, seu conto "Casamento" venceu o I Concurso de Crônicas e Contos, organizado pela Editora Geração. No mesmo ano, ao lado do quadrinista cearense JJ Marreiro, Gian criou uma história do Astronauta para o álbum MSP+50, livro em homenagem aos 50 anos de carreira de Mauricio de Sousa.
É autor de diversos livros técnicos nas áreas de comunicação e metodologia científica, e das novelas O Anjo da Morte e Spaceballs (editora Hiperespaço) e do livro infantil Os Gatos (Editora Módulo). Tem também se dedicado ao estudo das histórias em quadrinhos, com os livrosWatchmen e a teoria do caos (Marca de Fantasia), Ciência e quadrinhos (Marca de Fantasia), O Roteiro nas Histórias em Quadrinhos (Marca de Fantasia), e Roteiro para quadrinhos(Popmídia).
Participou das antologias Rumo à fantasia (Devir), Espectra (Literata), Fantasiando (Regência),PsyVamp (Infinitum), entre outras. É autor da série juvenil Mundo Monstro (Infinitum), e da webcomic Exploradores do Desconhecido (em parceria com o desenhista Jean Okada). Mantém o blog Ideias de Jeca-tatu: ivancarlo.blogspot.com.

SERVIÇO

Lançamento do livro Grafipar - a editora que saiu do eixo
Quando: dia 06 de setembro
Onde: Livraria Nobel Salgado Filho (Av. Salgado Filho, 1782 - Tirol - Fone: 3613-2007)
Horário: 19:00 horas
Dia 06 de setembro, às 19:00 horas, na Livraria Nobel Salgado Filho, em Natal, vai acontecer o lançamento do livro Grafipar - a editora que saiu do eixo, com a presença do autor, Gian Danton.

Grafipar - a editora que saiu do eixo foi um dos finalistas do Troféu HQ Mix 2013, na categoria Melhor Livro Teórico sobre Quadrinhos.


SOBRE O LIVRO

A obra, escrita por Gian Danton, é resultado de mais de 20 anos de pesquisas e conta a história dessa editora e de seu líder, o descendente de japoneses e ativista cultural da colônia nipônica Cláudio Seto, também introdutor da linguagem do mangá no Brasil.
Na década de 1970, quando o assunto sexo ainda era tabu, surgiu no Paraná uma editora especializada em erotismo, a Grafipar, que logo se destacou com seus quadrinhos nacionais, sempre misturando erotismo com gêneros como terror, ficção científica, folclore e policial.
Em pouco tempo, a editora transformou Curitiba em um ponto de referência para os quadrinhos nacionais, para onde convergiram importantes desenhistas e roteiristas, como Mozart Couto, Rodval Mathias, Watson Portela, Gustavo Machado, Vilachã, Sebastião Seabra, Fernando Bonini, Itamar Gonçalves e Franco de Rosa, dentre outros.
O livro analisa as revistas da Grafipar, suas histórias e, ainda, trata dos bastidores da “vila de quadrinhistas”, que existiu em Curitiba no início dos anos 1980.
Grafipar – A editora que saiu do eixo (formato 16 x 23 cm, 168 páginas, R$ 35,00), Editora Kalaco.

SOBRE O AUTOR
Gian Danton, pseudônimo de Ivan Carlo Andrade de Oliveira, é escritor e roteirista amapaense de histórias em quadrinhos, além de professor da Universidade Federal do Amapá.
Começou a escrever quadrinhos com a história Floresta Negra, desenhada por Bené Nascimento (Joe Bennett), e publicada na revista Calafrio (editora D-Arte). Publicou em diversas editoras, como ICEA, Nova Sampa, Metal Pesado e pela estadunidense Fantagraphics Books.
Em 1991, ganhou o prêmio Araxá como melhor roteirista. Seu trabalho mais conhecido na área de quadrinhos foi a graphic novel Manticore, que contava a história do chupa-cabra com clara influência do seriado Arquivo X e dos escritores estadunidenses de ficção científica.Essa revista ganhou os prêmios Angelo Agostini, HQ Mix e Associação Brasileira de Arte Fantástica.
Em 2010, seu conto "Casamento" venceu o I Concurso de Crônicas e Contos, organizado pela Editora Geração. No mesmo ano, ao lado do quadrinista cearense JJ Marreiro, Gian criou uma história do Astronauta para o álbum MSP+50, livro em homenagem aos 50 anos de carreira de Mauricio de Sousa.
É autor de diversos livros técnicos nas áreas de comunicação e metodologia científica, e das novelas O Anjo da Morte e Spaceballs (editora Hiperespaço) e do livro infantil Os Gatos (Editora Módulo). Tem também se dedicado ao estudo das histórias em quadrinhos, com os livrosWatchmen e a teoria do caos (Marca de Fantasia), Ciência e quadrinhos (Marca de Fantasia), O Roteiro nas Histórias em Quadrinhos (Marca de Fantasia), e Roteiro para quadrinhos(Popmídia).
Participou das antologias Rumo à fantasia (Devir), Espectra (Literata), Fantasiando (Regência),PsyVamp (Infinitum), entre outras. É autor da série juvenil Mundo Monstro (Infinitum), e da webcomic Exploradores do Desconhecido (em parceria com o desenhista Jean Okada). Mantém o blog Ideias de Jeca-tatu: ivancarlo.blogspot.com.

SERVIÇO

Lançamento do livro Grafipar - a editora que saiu do eixo
Quando: dia 06 de setembro
Onde: Livraria Nobel Salgado Filho (Av. Salgado Filho, 1782 - Tirol - Fone: 3613-2007)
Horário: 19:00 horas

O processo de produção da Turma da Tribo

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Turma da Tribo é um projeto meu, selecionado no edital de Literatura Simãozinho Sonhador, com desenhos de Ricardo Manhães.
Desde que começamos a divulgar imagens do gibi, algumas pessoas têm me perguntado como te sido o processo de produção. O objetivo deste artigo é justamente responder a essa pergunta.
Tudo começa, claro, com a elaboração de personagens e ambientação. Tenho inveja de quem diz que cria rapidamente. Para mim esse processo costuma ser demorado e trabalhoso, assim como a elaboração da sinopse. É normal que eu escreva e reescreva nessa fase. No primeiro tratamento da Turma da Tribo, por exemplo, a história se passava no Brasil colonial. Desisti dessa abordagem porque ela não me permitiria tratar de temas contemporâneos, como os madereiros, tema do primeiro gibi. Da mesma forma, alguns personagens passaram por mudanças e até mesmo mudaram de nome. Como uma das referência era Asterix, eu procurei nomes tivessem uma pitada de trocadilho, como Toró, personagem musculoso cujo remete a chuva forte.
Eu aumento ou diminuo o nível de detalhes do meu roteiro de acordo com o desenhista. Com iniciantes costumo ser mais detalhista. Como eu sabia que o desenho seria do Ricardo Manhães, um veterano do quadrinho europeu, fiz um roteiro bem minimalista, até porque durante todo o processo de produção trocamos vários e-mails e fizemos várias mudanças, tanto nos desenhos quanto no texto. Reparem, por exemplo, que na primeira página mudamos a legenda do último quadro para evitar a palavra "inventor", já que "inventar" já havia aparecido antes no mesmo quadro.
Feito o roteiro, o Ricardo faz, à mão, o lápis, depois a arte-final (tinta preta) e finalmente a cor no computador.
Confira abaixo o roteiro e as páginas.


Página 1

Quadro 01 – Plano geral da tribo, lembrando aquelas imagens de abertura dos álbuns de Asterix. Título e créditos neste quadro.
Texto: Esta é a aldeia dos cunani. É uma aldeia muito diferente, com personagens muito interessantes.
Texto: Vamos dar uma olhadinha neles.

Quadro 03 – Abaeté, todo orgulhoso, estufando o peito. Ao lado dele, entrando no quadro, vemos Baquara.
Texto: Este é Abaeté, o chefe da tribo. Um homem honrado, de palavra.
Abaeté: Pode escrever. Sou um homem de palavra! Minhas palavras.

Quadro 04 – Baquara entrou no quadro e agora divide atenção com o chefe. Ele começa a escrever palavras num papel.
Baquara: Tive uma ótima idéia! Vou inventar a escrita invisível!
Texto: Este é Baquara, o inventor da tribo, e filho do chefe.



O verdadeiro final da Caverna do Dragão

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Caverna do Dragão foi um desenho animado criado em 1983, nos Estados Unidos, baseado no RPG Dungeons and Dragons. Entre os seus criadores estão o roteiro de quadrinhos Mark Evanier, famoso pelo personagem Groo.
A série mostrava as crianças entrando em uma espécie de trem fantasma que se transformava em um portal para uma dimensão repleta de dragões, magos, anões e diversas outras criaturas mágicas. Nesse mundo eles conhecem o Mestre dos Magos e o vilão Vingador. A maioria dos episódios girava em torno da tentativa dos mesmos de voltarem para a terra, algo que eles nunca conseguiam.
No Brasil, assim como nos EUA, a série foi um enorme sucesso. Entretanto, ela foi descontinuada depois da terceira temporada, no auge da fama. Na verdade, nem mesmo o último episódio dessa temporada foi produzido. A razão é que a empresa responsável pela marca Dugeon and Dragons faliu e a produtora CBS e a Marvel resolveram parar a produção.
O fato de não ter sido um final transformou o desenho em uma lenda urbana. Começaram a surgir vários finais alternativos, escritos na forma de fanfic. O mais famoso deles dizia que as crianças estavam no inferno e que o Mestre dos Magos e o Vingador eram a mesma pessoa.
Entretanto, existiu o roteiro de um episódio final da terceira temporada com o título de Réquiem. Escrito por Michael Reaves, que pode ser considerado o final oficial:"Este episódio foi escrito de forma que tivesse um duplo sentido, ambíguo e triunfante: se o desenho não continuasse, o final seria satisfatório; se continuasse, o episódio serviria de trampolim para uma nova direção". Esse episódio deveria se chamar redenção, mas os produtores acharam que o título era muito explícito.
Recentemente o roteirista disponibilizou o roteiro na internet e o brasileiro Reinaldo Rocha fez a versão em quadrinhos. Clique aqui para baixar o roteiro em PDF e aqui para ler a versão em quadrinhos.

O conflito e o desafio do heroi

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O motor de qualquer história em quadrinhos é o conflito. Os conflitos são as dificuldades encontradas pelo personagem principal para conseguir seus objetivos. Sem conflito, a história vira uma chatice só.
Imagine a seguinte situação: um grupo de jovens vai fazer um passeio pelo shopping. Saem de casa, divertem-se, voltam para casa em segurança. Pode ser um final feliz, mas não é uma boa trama. O que era para ser uma aventura virou um simples passeio pela ausência de conflito.
O ideal é que o desafio seja tão grande que o leitor acredite piamente que o protagonista não irá conseguir superá-lo. Exemplo disso é a história de Davi e Golias. Quem poderia imaginar que o franzino Davi poderia vencer o gigante Golias? Mas o heroi consegue superar o desafio por maior que ele seja, graças à sua inteligência ou força de vontade.


O desafio costuma ser tão difícil, tão assustador, que, na jornada do herói (esquema criado por Joseph Campbell no livro O heroi de mil faces), o terceiro passo costuma ser a recusa ao chamado. O herói hesita, diante do desafio gigantesco. Ou amigos e familiares tentam convencê-lo a desistir. Por essa razão, quase sempre o protagonista entra na história contra a vontade. Peter Parker, a princípio, pensa em usar seus poderes para ganhar dinheiro. Luke é forçado a entrar na jornada contra o império. Tony Stark só se torna o Homem de Ferro para salvar sua vida.

Quanto maior o desafio, quanto maior a dificuldade encontrada pelo protagonista, maior será o seu triunfo no final, e, portanto, maior a catarse, pois o triunfo do heroi é também o triunfo do leitor.
Exemplo perfeito disso é a história do Homem-aranha publicada na revista Spiderman 33, a obra-prima da dupla Stan Lee e Steve Ditko. Nela, tia May está no hospital e o heroi precisa levar um preparado químico que irá salvá-la. Mas ele acaba preso no meio de um monte de escombros e ferragens.

Em uma sequência fenomenal de três páginas, o aracnídeo tenta se livrar das ferragens. Ele tenta, desiste, tenta de novo. Os escombros são muitos e o desafio parece estar muito além de suas forças. Mas no final, motivado pela necessidade de salvar a tia, ele triunfa. O texto diz algo como "Qualquer um pode vencer um desafio menor. O valor está em superar grandes provocações".
Ou seja: uma aula de roteiro.

A Jornada do Herói: os 12 passos de Campbell

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Olá, leitor assíduo desta coluna (já posso te chamar de assíduo? rs). Está pronto para conhecer um pouco mais sobre a escrita de ficção fantástica, onde, não raro, temos um protagonista que passa por diversos obstáculos?



Como prometido na semana passada, o assunto de hoje será:

– A Jornada do Herói: os 12 passos de Campbell.


          A Jornada do Herói". Você já conhecia essa expressão? É nada mais nada menos do que uma convenção, um paradigma literário identificado em diversas narrativas e que, diga-se de passagem, tem funcionado muito bem na ficção fantástica, pois auxilia muitos escritores na construção de uma trama emocionalmente, envolvente e verossímil.

          Joseph Campbell, em seu livro O Herói de Mil Faces (Cultrix/Pensamento), nos apresenta 12 Passos pelos quais a Jornada do Herói se sucede, além de se embasar na psicanálise para justificar a verossimilhança desse modelo. Ou seja, em que ele se assemelharia à nossa vida, a ponto de nos prender pela empatia. Vamos ver que passos são esses. Leia mais no site Fantástica

Exploradores do Desconhecido

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Já tem capítulo novo no blog dos Exploradores do Desconhecido. Para conferir, clique aqui.
Para quem não conhece, Exploradores do Desconhecido é uma webcomics com roteiro meu e desenhos de Jean Okada considerada uma das mais importantes histórias em quadrinhos de ficção científica do Brasil.
Segundo o site Contraversão, "A webcomic tem aquele cheirinho de nostalgia das antigas tiras de “Flash Gordon e dos episódios de “Jornada nas Estrelas que todo  de sci-fi adora".

Turma da tribo - resenha por Octávio Aragão

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Muitas pessoas que receberam a Turma da Tribo têm elogiado o gibi, mas a primeira resenha veio do escritor e professor Octávio Aragão, um dos grandes nomes da ficção-científica nacional. 
Confira abaixo a resenha, publicada na página do Facebook do escritor: 

Recebida e degustada a bela homenagem que Gian Danton e Ricardo Manhaesfizeram às BD franco-belgas, Turma da Tribo. Apesar do formatinho (14,7 cm por 21 com) e da encadernação em canoa (dobrada e grampeada), as 28 páginas coloridas cumprem muito bem a função de apresentar a cultura indígena brasileira a um público infantil, com uma história rica em detalhes gráficos (é uma diversão detectar os desenhos polvilhados pelo ilustrador aqui e ali, tanto como composição de cenários, quanto em elementos sígnicos, como penas que funcionam como pontos de exclamação ou motivos indígenas que decoram o título). Apresentando personagens carismáticos e facilmente memorizáveis, Danton apresenta a mesma capacidade em criar situações cheias de ação e, ao mesmo tempo, didáticas, mas sem cansar o leitor, que demonstrou em na série de ficção científica Os Exploradores do Desconhecido, mas sem a seriedade. O humor em Turma da Tribo é efetivo e inteligente, explorando as possibilidades narrativas das HQ e o traço de Manhães, claramente depositário do estilo de Uderzo, Morris e Ibañez. O único senão talvez seja a trama resolvida de maneira muito rápida. Claramente a história merecia mais páginas, e por isso, fico na torcida para que vire uma série, pois tem tudo para agradar.

Turma da Tribo - resenha do site Chamando Superamigos

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Ricardo Quartim


Imagine um álbum europeu nos moldes de Asterix, Tintim, Spirou ou outros do mesmo estilo. Agora transporte a história para o Brasil nos tempos atuais. Troque a aldeia gaulesa de Asterix por uma tribo indígena com personagens  tipicamente nacionais. Acrescente uma trama ecológica com cunho educativo porém sem ser chata e cansativa. 
Pronto! Está criada a Turma da Tribo.  
Com roteiros  de Gian Danton (pseudônimo de Ivan Carlo Andrade de Oliveira) e arte de Ricardo Manhães, Turma da Tribo é uma HQ selecionada no edital de literatura Simãzinho Sonhador, da Secult Amapá. Leia mais no site Chamando Superamigos.

Conheça o herói que ganha poderes fumando e outros personagens bizarros

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São tantos os super-heróis criados no mundo dos quadrinhos que a quantidade de roteiros e explicações possíveis para como eles adquiriram seus poderes deve beirar milhões. Por esse mesmo motivo, alguns personagens mais excêntricos estão fadados a nascerem, como é o caso de um defensor da justiça da década de 1960 que obtinha suas habilidades ao acender um cigarro.
“8-Man” surgiu originalmente como uma tira de quadrinhos semanal no Japão, publicada entre 1960 e 1963, que posteriormente se tornou um desenho animado de trinta minutos, ficando no ar até 1964. A partir de 1965, o programa ganhou uma versão norte-americana com algumas mudanças para adaptação ao gosto do público local, passando a se chama “The Eight Man”.
O desenho contava a história do policial Peter Brady (detetive Yokoda na versão japonesa), que foi morto por bandidos e teve seu corpo transformado pelo cientista Professor Genius (chamado Tani no original). O herói foi a oitava tentativa do pesquisador de trazer alguém de volta à vida, sendo a primeira bem sucedida, e teve sua essência vital transferida para um androide superpoderoso.
Fonte da imagem: Reprodução/Arcade Gear

Tragada especial

Embora todos saibam que ser um fumante de peso certamente não é o ideal para quem quer correr, pular, voar, lutar contra o crime e realizar outros feitos maravilhosos, para 8-Man isso era a chave para os seus poderes. Assim como Popeye engolia latas inteira de espinafre, o androide recarregava sua “reserva de energia atômica” com uma substância feita em laboratório e enrolada em papéis. Bastavam algumas tragadas e ele estava pronto para a luta. Leia mais

O chamado da Quimera - roteiro Leonardo Melo

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Pág. 01:

Q01: Um homem franzino está atravessando a porta de sua casa. O vemos de perfil, no canto direito do quadro, expressão de cansado. Ele veste terno e gravata e segura uma pasta executiva e uma sacola com a mão esquerda enquanto abre a porta com a mão direita. Neste quadro ainda não temos muita noção de como é o interior da casa. Este é Rodney Nash, nosso protagonista. Seus cabelos são curtos e castanhos.

Q02: Quadro um pouco mais amplo. Vemos Nash de costas. Ao fundo, sua mulher está lhe esperando, sentada no sofá. É uma mulher gorda e feia, cabelos em formato “abajur” e despenteados, a pele bastante enrugada e uma baita verruga no nariz. Ela está sentada no sofá com cara de poucos amigos:

MULHER: Trouxe o que eu pedi?
NASH: Oi, amor. Olha, na verdade, não tinha peru...

Q03: Fileira intermediária. Vemos Nash de frente, tirando um frango de dentro da sacola, com um sorriso cínico e temeroso no rosto. A mulher dele não aparece no quadro, mas vemos seu balão mesmo assim:

NASH: ...mas eu trouxe frango, serve?
MULHER: Meu Deus do céu, homem! Quantas vezes preciso dizer? Quando peço uma coisa, eu quero essa coisa! Se peço peru, eu quero peru, não frango!
MULHER: Será que você não presta nem pra isso?

Q04: Nash está fechando a porta, cabisbaixo. O vemos meio de frente, meio de lado. Ele largara a sacola e o frango em outro sofá. Ao fundo, sua mulher está se levantando, irada:

NASH: Mas, amor... não é época de peru...
MULHER: E peru tem época, decerto, seu infeliz? Peru não dá em árvore! Incompetente!

Q05: Seqüência de três quadros na fileira inferior. Nash está passando pela sala, pela frente de sua mulher, cabisbaixo. Sua mulher é vista de frente, parada. Ainda segue tagarelando:

MULHER: Eu estou sozinha mesmo! Tenho que fazer tudo, pensar em tudo, tudo sozinha!

Q06: Nash está entrando no quarto. O vemos de frente, dobrando para a nossa esquerda. Sua mulher vem atrás dele no corredor, aos fundos:

MULHER: Há anos eu repito a mesma coisa! E adianta alguma coisa? Claro que não, né? O senhor fica aí, com essa cara de cachorro abandonado! E nem me dá ouvidos!!!

Q07: Vemos a mulher dele de costas, já dentro do quarto. É uma suíte e ao fundo, vemos a porta do banheiro se fechando.

MULHER: Ei! Não ouse se trancar no banheiro enquanto eu falo com você, seu imprestável!!!



Pág. 02:

Q01: Nash dentro do banheiro, de perfil na frente do espelho. Com uma mão está apoiado na pia, com outra está esfregando os olhos, ainda a mesma expressão cabisbaixa.

NASH: Deus... como foi que eu me meti nessa?

Q02: Mesmo tamanho do quadro anterior, mesmo ângulo. Mas o vemos meio de costas, agora, já que ele está indo até o box, nos fundos, enquanto desata o nó da gravata, puxando-a para o lado.

Q03: Quadro pequeno mostrando apenas ele abrindo a torneira do chuveiro.

Q04: Quadro do mesmo tamanho do Q01 e do Q02, talvez um pouco menor. Mostramos apenas ele na banheira, relaxando.

Q05: Quadro estreito na lateral da página. Nash está de pijama e pantufas na cozinha, cara de sono. Ele está com a palma da mão aberta e estendida, como se segurasse algo. Com a outra mão, segura um copo d´água.

Q06: Três quadros pequenos agora, um abaixo do outro, ao lado do quadro estreito. Close em sua mão, de cima. Ele segura dois comprimidos do tipo “aspirina”.

Q07: Close nele, de perfil. Está colocando os remédios na boca.

Q08: Close nele, de perfil. Está tomando o copo d´água.

Q09: Quadros pequenos na fileira inferior. Está saindo da cozinha, apagando a luz.

Q10: Está na porta do quarto, olhando para a cama. A luz está apagada, sua mulher está dormindo já, de costas para ele e para nós.

Q11: Está deitando na cama e erguendo as cobertas para cobrir-se.

MULHER: Abaixa logo essas cobertas que tá frio!!!

Q12: Close nele, deitando a cabeça no travesseiro e fechando os olhos.


Pág. 03:

Q01: Repetição do quadro anterior, mas o close é ainda mais fechado, de forma que vemos apenas seu rosto, não fazendo idéia do cenário. Sabemos apenas que é dia, porque o quadro está mais iluminado.

NASH: Hmm... hm? Hm… amor…?

Q02: Repetição do quadro anterior.

NASH: Amor, desligue a tevê, sim?
NASH: E... se puder fechar as janelas... está um vento tão frio...

Q03: Repetição do quadro anterior.

NASH: Nossa... essa cama está tão dura...

Q04: Fileira intermediária. Uma pequena onda de água é jogada no rosto de Nash.

Q05: Ainda o vemos em close, mas ele começa a se levantar. Está de olhos fechados, limpando o rosto.

NASH: Ai, também não precisava jogar um balde de água na minha cara... eu já ia...

Q06: Nash finalmente abre os olhos. Expressão de espanto.

NASH: ...levantar?
NASH: Oh... Meu...


Pág. 04:

Q01: Quadro amplo, ocupa quase a página inteira, abrindo um panorama geral: Nash está numa jangada de madeira, no meio do oceano, vestindo farrapos. Não há o mínimo sinal de terra próximo a ele. O vemos de cima, um tanto afastado, para dar idéia da imensidão do oceano.

NASH: ...Deus!!!

Abaixo, o título: “O Chamado da Quimera”

E os créditos: “Leonardo Melo – Roteiro | Ângelo Ron – Arte” |
 
Q02: Fileira inferior. Close em Nash, apavorado.

NASH: Que... que diabos... como... não pode...

Q03: Ele fecha os olhos e leva as mãos aos cabelos, tentando se acalmar.

NASH: Rodney, se acalme. Isso é um sonho. Só pode ser. Feche seus olhos, se concentre. E acorde. Vamos.
NASH: Acorde!

Q04: No canto direito, temos a visão em primeiro plano do barco de piratas, com um deles na beirada e apontado para Nash, ao fundo, no canto esquerdo, com cara de surpresa. O pirata grita enquanto aponta para ele e olha para o interior do navio, provavelmente para seu capitão, com um sorriso cruel.

PIRATA: Homem ao mar!!!
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