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Channel: Roteiros de quadrinhos
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Turma da Tribo - resenha por Renato Medeiros

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É um fato inegável que os quadrinhos brasileiros que possuam temáticas totalmente voltadas para a nossa cultura e "jeito" de ver o mundo é escassa, e quando existe pouco divulgada. Imagina saber que existe quadrinhos feitos aqui que são de ótima qualidade e muitas das vezes melhores do que os quadrinhos encontrados no mercado atual. Nesse sentido é com grata surpresa que li recentemente uma hq do grande Gian Dantons  (Pseudônimo de Ivan Carlos  Andrade de Oliveira) e do talentoso Ilustrador Ricardo Manhães chamada Turma da Tribo. Essa hq me fez sentir imensa satisfação com sua leitura, pois me fez lembrar com sua narrativa que mistura  humor e critica de forma inteligente que podemos produzir historias em quadrinhos sem necessariamente apelar para o senso comum. O impresso me surpreendeu em dois sentidos específicos, a saber Leia mais

Como é produzido um gibi da Turma da Mônica

Ricardo Manhães e Gian Danton participam de homenagem a Asterix

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Versão em português da HQ que será publciada na Bélgica.
Os brasileiros Ricardo Manhães e Gian Danton estão participando de uma homenagem ao personagem Asterix, a convite do jornalista belga Lionel Flips, fundador do site Le Bourlingueur du net.
Asterix será o tema do 1º Concile à Bulles, um festival de quadrinhos que será realizado em Bruxelas, na Bélgica, nos dias 5 e 6 de abril deste  ano. O evento será realizado no MOOF –Museum of Original Figurines, que fica a poucos metros da praça central (Grand Place) da capital belga. Leia mais

O valor de cada quadro na página

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Em uma página de quadrinhos, os quadros podem ter valor narrativo diferente. Alguns merecem maior destaque, seja pela sua importância para a história, seja pelo seu valor dramático ou de ação. Ou seja: alguns quadros são apenas narrativos, outros devem provocar um impacto no leitor. Os quadros de impacto são maiores exatamente por serem mais importantes. O roteirista deve indicar, no roteiro, quando há um quadro de impacto na página.
A minissérie Watchmen é um ótimo exemplo de como utilizar esse recurso, sendo uma verdadeira aula.
Abaixo uma página em que todos quadros têm a mesma importância:
Já na página seguinte, o último quadro tem maior valor dramático. Todos os outros são apenas uma preparação para o impacto deste último, pois o destino do mundo está nas mãos de um idiota:
Watchmen usa um esquema fixo de 9 quadros por página, como se fossem blocos que pudessem ser separados ou unidos.
Para formatinho, o esquema de 6 quadros funciona muito bem e pode ser usado da mesma maneira, inclusive com quadros de impacto. Ótimo exemplo disso são as páginas de Júlias, as aventuras de uma criminóloga.
Na página abaixo, de simples diálogo, não há necessidade de qualquer impacto, então os quadros são iguais: 
Já na página abaixo, o último quadro é maior, de impacto, para destacar a violência do personagem:
Abaixo um exemplo do Monstro do Pântano, de Alan Moore, com um esquema de quadros mais solto, mas que igualmente usa o tamanho do quadro para dar impacto à cena:

Entrevista Alexandre Winck

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Faça uma breve apresentação
Sou roteirista, escritor, editor, jornalista, tradutor e revisor. Sou formado em Comunicação Social e Jornalismo pela UFSC, mas como roteirista e escritor sou totalmente autodidata. Atualmente edito e escrevo para a revista online de quadrinhos e contos ilustrados de terror e fantasia Contos do Absurdo para a Publigibi, estou colaborando com diversas coletâneas e tenho alguns projetos de criação própria em quadrinhos, cinema e animação que pretendo viabilizar a partir do próximo ano. Também ano que vem devo começar a dar aulas de roteiro aqui na Publigibi.

Que quadrinhos você lia quando era criança? Quas foram suas principais infuências?
Eu fui um leitor de "fases". Até uma certa idade, lia muito Disney e Turma da Mõnica, depois passei a ler muitos super-heróis, uma época lia muito Batman, depois Homem-Aranha, depois Hulk... Na adolescência veio o tal "desbunde", descobri Chiclete com Banana, Piratas do Tietê, e daí vieram as leituras mais adultas.
Como roteirista, me influencio muito pelos britânicos, não só Alan Moore, Neil Gaiman e Grant Morrison, mas também Garth Ennis, Mark Millar, Peter Milligan... Mas como escrevo diferentes tipos de quadrinhos, me inspiro em influências diversas. Para escrever HQ infantil, por exemplo, penso em Carl Barks, Goscinny e Uderzo, Charles Schulz.

Seu trabalho mais longevo foi o Sesinho. Quais as dificuldades de se fazer um quadrinho institucional-educativo? Que dificuldades enfrentou? Qual a melhor história que escreveu para o personagem?
Sinto que a maior dificuldade é casar a qualidade narrativa e de entretenimento com os aspectos educativos e institucionais. Trata-se de um produto que você está criando para um cliente, então o cliente sempre tem a palavra final, diferente de uma obra autoral em que eu, como criador, tomo as decisões e tenho mais liberdade de discordar de um editor e até enviar a história para outro, por exemplo. Geralmente os projetos institucionais já são criados para um cliente específico. Outra dificuldade é incluir o conteúdo didático na trama da forma mais natural possível e manter um certo ritmo.  Me recuso a chamar de história em quadrinhos educativa algo que é simplesmente uma cartilha desenhada, com um personagem explicando algo para outro do começo ao fim. Sempre me preocupo o máximo possível em ter uma história, com começo, meio e fim, mesmo que num certo momento tenha a parte puramente explicativa.
Em relação ao Sesinho, alguns temas eram mais difíceis de transformar numa HQ divertida e acessível ao público infantil. Por exemplo, para fazer uma edição sobre arquivologia fizemos uma história sobre a importância de se pesquisar corretamente e fugir da mania do "Ctrl+C/Ctrl+V", ou seja, copiar pronto da internet.
Mesmo assim, houve várias edições do Sesinho em que me senti muito à vontade para criar uma HQ infantil autoral, até com experimentação. Uma edição que destaco é "Sem Palavras", em que o Ruivo, o personagem menos estudioso da turma, deseja um mundo sem palavras. Ele tem balões de fala, mas não aparece nada escrito, e não consegue ler os balões dos outros, anota no caderno e não vê as palavras. Foi uma das edições mais experimentais e diferentes.


Como você começou a escrever o Sesinho?
Foi muito louco. Eu era jornalista e tava fazendo freelancer para um jornal de bairro, aí o editor do jornal me indicou uma vaga de revisor na Exa World de Florianópolis, e eu nem sabia que eles faziam o Sesinho. Entrei como revisor e acabei escrevendo roteiros e textos de quase 100 edições.

O Brasil é um país em que a profissão de roteirista é pouco valorizada. A que você atribui isso?
São várias coisas. Uma é que não formamos um verdadeiro mercado de indústria cultural, no qual o roteiro, a narrativa é a base de tudo. Mesmo os games mais populares chamam a atenção pela narrativa. Ainda não tratamos o roteirista como um profissional e sim como o "artista doidão" que precisa arrumar emprego público pra pagar as contas e fazer a arte nas horas vagas, sendo que o lazer, a cultura, o entretenimento estão entre as maiores indústrias do mundo hoje.
Veja os quadrinhos, é recente a profissionalização e a divisão de tarefas entre o roteirista e o desenhista. Geralmente o quadrinista era sempre o garoto que gostava muito de desenhar na escola, e porque não havia essa profissionalização e divisão ele por necessidade escrevia as próprias histórias. Em alguns casos, isso produziu autores geniais, em outros não. Mas é dos últimos anos para cá que estamos realmente juntando os talentos que se completam.
Somos um país que ainda sobrevaloriza a telenovela diária, um gênero que por natureza nunca primou muito pela qualidade de texto. Custamos para investir nos seriados, que são o melhor meio narrativo para televisão. No cinema, insistimos por muito tempo numa visão herdada do Cinema Novo de que roteiro com começo, meio e fim, estrutura narrativa era caretice de Hollywood, sendo que isso de fato vem desde a Grécia Antiga. Nada contra as narrativas mais alternativas, tem trabalhos geniais e eu mesmo "viajo" muito às vezes. Mas como roteirista eu na verdade acho um grande desafio trabalhar dentro de uma estrutura narrativa e ainda assim criar algo diferente e que fuja do convencional.


Como ser um bom roteirista? Que dica você daria para novos roteiristas?
Eu vou parecer maluco falando isso agora que vou dar aula de roteiro, mas não se pode realmente ensinar alguém a contar uma história. Quero dizer que não existem, em princípio, regras, não existe o certo e o errado. Tem milhões de maneiras de contar uma história, aliás é por isso que as contamos e nos surpreendemos com elas até hoje.
Mas existem certos princípios que eu, pessoalmente, acho fundamentais: primeiro, buscar escrever algo que você mesmo gostaria de ler ou ver, porque se já é difícil fazer os outros gostarem do seu trabalho, imagine se você mesmo não gostar, e esse é acima de tudo um trabalho de paixão; ler e observar de tudo, pois as ideias podem vir de qualquer lugar, aliás muitas das melhores ideias vêm da não-ficção, pois tendem a ser mais originais que algo que já é inspirado num filme ou em outra HQ; e escrever sempre, sem medo de errar, pois muitos autores cheios de potencial travam ou desistem pela insegurança e auto-crítica. Ter auto-crítica e ouvir as críticas construtivas é fundamental, mas o autor precisa dar a cara pra bater para evoluir na sua arte. E nisso é uma profissão como qualquer outra, quanto mais prática, melhor.

Quais os seus roteiristas prediletos?
Já citei os britânicos, acho impossível deixar de citar o Will Eisner, que foi o maior experimentador da narrativa de HQ em todos os tempos. Hoje tenho gostado muito do trabalho do Robert Kirkman. Um roteirista brasileiro cujo trabalho admiro cada vez mais é o Edgar Franco, um autor que tem uma visão de mundo única, dentro e fora dos quadrinhos.

Que quadrinhos você destacaria como seus prediletos de todos os tempos?
Vou citar alguns que me marcaram pessoalmente. "A Morte de Gwen Stacy" teve um impacto emocional enorme pra mim quando criança. "Chiclete Com Banana", como eu falei, foi o "desbunde", a descoberta do humor anárquico nos quadrinhos. "A Piada Mortal" foi a primeira HQ que li que me revelou como uma história em quadrinhos podia ser ao mesmo tempo adulta, ousada e sofisticada. "O Cavaleiro Das Trevas" por ter reinventado meu personagem favorito de todos os tempos. As graphic novels autorais que Neil Gaiman fez com Dave McKean, que eu li em inglês, "Casos Violentos", "Sinal E Ruído", "Mr. Punch" me marcaram pela combinação de qualidade literária, experimentação e beleza visual em HQs que não eram de super-herói, terror, fantasia nem sci-fi. Mais uma vez, é impossível deixar de citar Will Eisner e "The Spirit", uma explosão de criatividade e inovação como nunca se viu antes nem depois.

Livro e blog com HQs comentadas celebram o mestre Disney Ivan Saidenberg

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Por Marcus Ramone
Data: 9 dezembro, 2014
O roteirista e cartunista brasileiro Ivan Saidenberg (12/11/1940 – 30/10/2009), criador de vários personagens Disney e cuja parceria com Renato Canini continua sendo a mais cultuada entre os fãs do Zé Carioca, tem sua primeira biografia reeditada pela Marsupial Editora. A obra, escrita pela também roteirista Lucila Simões Saidenberg, filha do artista, havia sido publicada no ano passo, de forma independente.
Ivan Saidenberg: o homem que rabiscava (128 páginas, R$ 22,90), em pré-venda na loja online da editora, faz parte da Série Recordatório e narra a vida e a obra do quadrinhista, que também se destacou na fase de ouro das HQs de terror do Brasil.
Outra boa pedida para os fãs e admiradores do artista – e dos quadrinhos Disney – é o blog Ivan Saidenberg – Histórias comentadas, em que Lucila conta detalhes e curiosidades de bastidores das HQs escritas por seu pai. Leia mais

Dez dicas para roteiristas de quadrinhos

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1 - Não leia só quadrinhos. Um bom roteirista de quadrinhos lê de tudo: livros, revistas, jornais etc.
2 - Não lei só quadrinho americano ou japonês. Argentina, Inglaterra, França, Itália e Brasil são países que produzem ótimas HQs, que você deve conhecer.
3 - Sempre pesquise. Se sua história é sobre um advogado, pesquise livros jurídicos, pesquise sobre como funciona a justiça. Se for sobre o Egito, procure livros de história. 
4 - Não tente contar a história do universo. Comece com histórias curtas. 
5 - Faça com que seu roteiro seja agradável para o desenhista. Se for necessário contar uma piada para que a leitura do roteiro seja mais agradável, conte. 
6 - Imagine a cena visualmente antes de escrevê-la. Se houver mais de uma ação, divida em mais de um quadrinho. 
7 - Produza. Seu texto só vai melhorar se você produzir continuamente. 
8 - Use como referência grandes roteiristas, mas aos poucos busque estabelecer um estilo próprio. 
9 - Não seja um colonizado. Esqueça Nova York. Faça histórias sobre sua realidade. Se o leitor viver a mesma realidade que você, a identificação será mais fácil. 
10 - Seja obetivo. Não encha os balões de texto desnecessário. Nunca diga com o texto algo que o desenho já está dizendo.

Gian Danton lança Como escrever quadrinhos

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Gian Danton está lançando mais um livro sobre roteiro para HQ. Trata-se do volume “Como escrever quadrinhos” (editora Marca de Fantasia, 108 páginas, 25 reais).
O autor é roteirista desde 1989, quando publicou a história Floresta Negra na revista Calafrio, em parceria com Bené Nascimento (Joe Bennett). Desde então participou de diversos projetos entre eles a premiada graphic Manticore ou o álbum MSP+50.
Quando começou a escrever HQs, não havia nenhuma referência sobre o processo de produção de quadrinhos ou mesmo sobre a formatação do roteiro. “Com esse início tão pedregoso, sempre fui muito solícito com novos roteiristas que me procuravam com dúvidas”, explica o roteirista, no texto de abertura do volume. Essas orientações deram origem ao primeiro livro, O roteiro nas histórias em quadrinhos, lançado também pela Marca de Fantasia, em 2010. Entretanto, mesmo com o livro, as questões continuaram a chegar, o que levou à ideia de produzir um segundo volume.
Um acaso contribuiu também para a produção do segundo livro. Convidado para o evento Muiraquicon, em Belém, em 2012, foi-lhe pedido que preparasse duas palestras diferentes sobre roteiro. “A saída foi produzir uma palestra auto-biográfica, explicando como escrever quadrinhos a partir da minha própria trajetória. Os problemas que enfrentei e como os resolvi”, conta o roteirista. Assim, além das técnicas de roteiro, o livro se debruça sobre o processo criativo a partir da experiência do próprio autor.
Como escrever quadrinhos será vendido por 25 reais, mas está em promoção de pré-venda até o dia 14 de maio, ao preço de 18 reais, com frete já incluso (os livros serão enviados a partir do dia 15 de maio). O livro pode ser adquirido através do e-mail profivancarlo@gmail.com.

Novo projeto do Gralha busca colaboradores no Catarse

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O Gralha, super-herói curitibano que completa 18 anos em 2015, está com um novo projeto a ser lançado e busca colaboradores no Catarse. Trata-se de Gralha – Artbook, livro que reunirá bastidores da criação, personagens, curiosidades, histórias inéditas e pin-ups exclusivas do personagem.
As recompensas incluem, além de tradicionais camisetas, canecas e pôsteres, também um baralho exclusivo com os personagens do universo do Gralha e, para os mais aficionados, também uma action figure do herói.
Os interessados podem colaborar através do link https://www.catarse.me/pt/gralha.
O Gralha é um super-herói de Curitiba, criado em 1997 por nove artistas e publicado em tiras semanais no jornal A Gazeta do Povo. Essas tiras foram compiladas no álbum Gralha – Primeiras Aventuras em 2001 pela Editora Via Lettera. O segundo álbum, Tão Banal quanto Original, saiu apenas no ano passado pela Editora Quadrinhópole, que também publicará o novo projeto.

Gian Danton dá dicas de como escrever roteiros para quadrinhos

Projeto no Catarse resgata HQs de terror

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No início da década de 1990 uma dupla de quadrinistas de Belém do Pará revolucionou o terror nacional. Com influência de Alan Moore e Neil Gaiman, Gian Danton e Joe Bennett faziam histórias pesadas, em que tripas se misturavam com horror psicológico. Essas histórias foram publicadas em diversas revistas, mas nunca foram reunidas. Resgatar esses quadrinhos em um álbum de luxo é o objetivo do projeto Margem Negra, que busca apoio no Catarse (https://www.catarse.me/pt/margemnegra).
Joe Bennet, que na época assinava Bené Nascimento, é famoso nacionalmente, tendo desenhado quase todos os personagens da Marvel e da DC. Gian Danton é roteirista premiado, autor de vários livros sobre quadrinhos, entre eles o Como escrever quadrinhos (Marca de Fantasia) lançado recentemente.
O resgate das histórias é resultado da junção das editoras Devaneio e ZnorT! Como muitas dessas histórias estavam perdidas, contou-se com o apoio de fãs, que escanearam as HQs e enviaram para que fosse incluídas no álbum. Além disso, várias histórias só foram resgatadas graças ao acervo da Gibiteca de Curitiba. Entre as atrações há até uma história da época, inédita, por ter sido recusada por vários editores em razão de unir super-heróis e terror.
O álbum, que a princípio terá 130 páginas (pode ter mais, se forem atingidas as metas estendidas) trará também uma história inédita escrita por Gian Danton e desenhada por Joe Bennett.
Quem apoiar o projeto receberá várias recompensas, de álbuns de quadrinhos e livros a originais da história inédita.
SERVIÇO
ÁLBUM MARGEM NEGRA

Dan Dare: processo de produção do roteiro

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Dan Dare e seus amigos, na versão clássica.

Dan Dare é um dos mais clássicos personagens de quadrinhos da Inglaterra, e certamente um dos mais importantes no gênero ficção cientifica, rivalizando apenas com Jude Dreed. O personagem é da década de 1950 e chegou a ser lançado no Brasil pela Ebal na década de 1970, na revista 2000 AD. 

Dan Dare na versão da década de 1970.

Ano passado fui contatado por um agente local para escrever as aventuras do personagem para uma revista britânica, a Strip Magazine. O esquema era o comum das publicações em série britânicas: histórias em continuidade de seis páginas que formavam um ciclo depois lançado como álbum de luxo. 
Revista nos moldes da 2000 AD na qual seria publicada a nova versão do personagem.

Eu escreveria a segunda saga do personagem (a primeira seria escrita pelo editor). 
Propus um plot sobre um planeta com uma inteligência vegetal que foi aceito com sugestões do editor para adequar à trama ao plot maior.  
Fiz o plot estendido e o roteiro de duas partes da saga. Foi uma experiência interessante por trabalhar com o método inglês, com roteiros detalhados, que incluíam inclusive angulação e planos. Para facilitar para o tradutor, a partir do segundo capítulo, eu comecei a colocar os termos técnicos em inglês, garantindo que eles ficassem corretos na tradução. 
Esse material ficou inédito por mais de um ano até que esta semana tive a confirmação do agente de que a revista de fato não terá continuidade (mais um calote, agora de uma editora inglesa - espero até ano que vem levar calote da Marvel). 
Assim, publico aqui partes do material produzido, como forma inclusive de mostrar como é o processo de produção de roteiro de uma editora estrangeira. 

PLOT 


Dan Dare e sua equipe chegam a um planeta desconhecido. A Prof Peabody afirma que há uma forma de vida complexa, grande e possivelmente inteligente no planeta. Dan sai para investigar. Quando volta, a nave desapareceu. Na verdade, o planeta inteiro é um grande ser.Dan come uma fruta e entra em contato com o planeta. Descobre que o planeta está sob ameaça e por isso reagiu. O planeta devolve a nave e Dan promete ajudar.

 PLOT DECUPADO DO PRIMEIRO CAPÍTULO (com acréscimos do editor) 


DAN DARE: THE EDEN AFFAIR

Original story Gian Danton

Revised by J. Freeman

Last Revised: 10th April 2014

Chapter 1




Este capítulo terá menos ação já que ele irá introduzir os personagens. Dan Dare e seu time chegam na Valiant(Design por John Ridgway), uma grande nave de exploração, em um planeta desconhecido fora do nosso sistema solar.



(A história se passa durante uma missão maior para descobrir mais sobre a Guerra Galáctica e os aliens que enviaram os Therons e outros para o nosso sistema solar, ver a Bíblia de História)



Professora Peabody confirma que existe evidências de vida alienígena no planeta, mas os sinais que ela detectou não indicam quantos nem a quanto tem eles estão ali.



Aterrissando, o time descobre que o planeta é coberto por uma flora exuberante. Dan, Digby e alguns outros membros da tripulação fazem a descida ao planeta usando a Anastasia e outro veículo de aterrisagem afim de investigar melhor e encontrar os alienígenas e a vida inteligente. Dan e Co começam a exploração utilizando um veículo de exploração armado.



Enquanto isso, a professora fica no veículo de aterrisagem escaneando o planeta para encontrar qualquer forma de vida inteligente e os alienígenas. Sir Hubert fica com ela, junto com o resto da tripulação.



Dan Não encontra nenhuma forma de vida animal (mas eles encontram alguns insetos comendo partes de algumas plantas – Essas criaturas que estão ameaçando o planeta. Ver abaixo) e começam a duvidar se realmente poderia haver alguma forma de inteligência naquele planeta, muito menos algum alienígena que tivesse algo a ver com a Guerra Galáctica



Então, sobre uma colina, nós temos uma cena de “wow” – uma cena de devastação pura, uma área destruída e arrasada... no centro dela está uma nave de Alien misteriosa – na nave usada pelos alienígenas misteriosos que estão por trás da guerra galáctica de onde os Therons fugiram.



O time se aproxima cautelosamente, esperando por um ataque - seu medos não são em vão já que armas surgem por tras da bela camada bio-tecnológia da nave. As armas miram na equipe e abrem fogo.

O ROTEIRO DA PRIMEIRA PARTE 
(duas primeiras páginas da primeira história)

DAN DARE: THE EDEN AFFAIR

Roteirista: Gian Danton

Revised by J. Freeman

Primeiro tratamento



Capítulo 1

Página 1

Quadro 1 – Temos um quadro grande um plano geral da nave Valiant no espaço, acima do planeta que iremos chamar de Eden. Minha sugestão é que título e créditos entrem neste quadro.

Dan Dare (off): Você tem certeza, professora?

Quadro 2 – Agora temos uma cena interna da Valiant. Dan, Professora, Digby, Hubert e talvez algum outro personagem estão discutindo ao redo de uma mesa. A professora mexe em uma espécie de tablete avançado. (John, não sei se a Valiant terá sala de reuniões, como em Jornada nas Estrelas. Caso não tenha, essa cena pode se passar na ponte de comando).

Professora Peabody:  Sem dúvida, Dan. Há vida no planeta abaixo. E vida inteligente.

Hubert: São os inimigos?

Quadro 3 – Close da professora. Embora a Bíblia não a mostre de óculos, acredito que ela possa usar óculos para ler, como forma de reforçar seu aspecto intelectual. Então, como ela está mexendo no tablete, estaria usando os óculos (provavelmente um óculos tecnológico, na linha do Google Glass).

Professora: Difícil dizer, Dan. Alguns acreditam que os Treen inimigos não sobreviveram à fuga.

Digby: Mekon ainda deve estar vivo. Como diz minha tia Anastácia, vaso ruim nunca quebra...

Quadro 4 – Um plano geral. Dan está em pé, para mostrar sua determinação, e apoia as mãos na mesa.

Dan: Em todo caso, temos que investigar. Hubert, prepare a Anastácia e um grupo de descida.

Quadro 5 – Close de Dan.

Dan: Professora, a senhora vem conosco!



 Página 2

Quadro 1 – Agora temos a Anastácia. Dan, Digby Pierre August, Prof. Peabody e Spry fazem parte dessa equipe de reconhecimento. Pierre august pilota a nave. Neste quadro, vemos a cena de dentro. Prof. Peabody está sentada ao lado de Dan e conversa com ele. (John: achei que Dan não deixaria a nave Valiant sem um oficial, e acredito que Hubert seria a pessoa que ele mais confiaria, assim Hubert ficou na nave, ok?).

Professora: Tem certeza de que foi uma boa ideia trazer Spry conosco? Ele é apenas um cadete.

Quadro 2 – Close de Dan.

Dan: Ele é um garoto inteligente e nunca aprenderá se não entrar em ação. Tenho a intuição de que em algum momento ele pode ser importante para nossa missão.

Quadro 3 – Close da professora. 

Professora: Você segue sua intuição, eu sigo meus cálculos.

Quadro 4 – Close de Dan. (John: aqui estamos dando um gancho para a solução final, que acontecerá quando a professora Peabody seguir sua intuição)

Dan: No momento em que seguir sua intuição, talvez descubra que ela pode lhe dar respostas que a razão não dá.

Quadro 5 – Plano médio, mostrando Pierre em primeiro plano.

Pierre: Senhor, estamos nos aproximando do solo.

Quadro 6 – Dan e os outros colocando os cintos.

Dan: Preparar para aterrisagem. Coloquem os cintos.

Quadro 7 – A nave aterrissando. Não mostre muito do cenário para não perder o impacto da próxima página. 

 ROTEIRO DA PARTE 2 (Já com alguns termos técnicos em inglês)
DAN DARE: THE EDEN AFFAIR

Chapter 2

Writer: Gian Danton

Revised by

Version 001

EDIT –





Página 1

Quadro 1 – Temos aqui a continuação da sequência do capítulo 1, com Digby e Dan subindo o morro na direção da nave e sendo atacados. Como dito anteriormente, o desenho deve dar a entender que se trata de uma pessoa dentro da nave, mas se trata apenas do sistema de defesa, uma vez que os tripulantes foram mortos pelos insetos. Neste quadro, em Long Shot, vemos Dan e Digby em primeiro plano, em ângulo inferior, com a nave em destaque, grandiosa, atrás deles. Digby está à esquerda e o tiro acerta próximo a ele. Eles se abaixam para fugir do fogo cerrado. Quadro grande, ocupando mais de um terço da página.

DIGBY: OH, CÉUS, EU SABIA QUE HAVIA ALGO ERRADO.



Quadro 2 – Medium Close Up de Dan, preocupado. Dan olha para Digby, que aparece em segundo plano.  

DAN: NÃO PODEMOS FICAR AQUI. ESTAMOS VULNERÁVEIS DEMAIS.

DIGBY: VAMOS VOLTAR?



Quadro 3 – Plano médio - Medium Long Shot. Dan começa a se levantar. Digby, ao seu lado, parece ideciso. Os dois são vistos de frente.  

DAN: ME DÊ COBERTURA! 

DIGBY: COMO ASSIM?



Quadro 4 – Long shot. Vemos os personagens de costas. Dan se levantou e começou a correr na direção da nave, atirando. Digby está levemente de perfil e vemos sua expressão de assombro.

DIGBY: OH, NÃO!



Página 2

Quadro 1 – Plano geral. Dan está correndo na direção da nave, atirando, em primeiro plano. Em segundo plano, Digby atira também. Alguns tiros explodem ao redor dele, mas ele parece resoluto, como se nada pudesse acertá-lo. Seu passo é largo. Imagino essa como uma daquelas célebres cenas de ação de All Williamson.



Quadro 2 – Plano fechado de Dan atirando, como se estivesse atirando na direção do leitor.



Quadro 3 – Plano detalhe. Algo explodindo no local da nave de onde antes estavam vindo os tiros. 



Quadro 4 – Close de Digby, espantando.

Digby: Eu não acredito que ele fez isso!



Quadro 5 – Plano médio de Dan com as mãos acenando para Digby. Ele está bem perto da nave.

Dan: Venha! Parece que está tudo ok aqui.



Quadro 6 – Os dois se aproximando da porta de carga, próximos o bastante para identificar que não há ninguém ali. Eles se aproximam cautelosos, de arma em punho.

Dan: Cuidado. Ainda pode haver outros alienígenas aí dentro.



Quadro 7 – Dan e Digby entram pela porta. Eles apontam a arma para a arma que antes atirava neles (e que agora está toda chamuscada) e se assustam ao descobrir que não há ninguém ali.

Inspeção - Gógol em quadrinhos

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Inspeção surgiu de uma sugestão de Gian Danton para que fizessem uma adaptação da peça O inspetor Geral, do escritor russo Nicolai Gógol. A dupla já tinha adaptado outra obra de Gógol (o conto O nariz, que virou a HQ Phobus). Na peça, os políticos corruptos de uma cidadezinha descobrem que irão receber a visita de um inspetor e, quando chega um espertalhão, pensam que se trata dele e passam a fazer de tudo para agradá-lo. Na história da dupla Gian Danton e Joe Benett, são os internos de um hospício que chamam um demônio para libertá-los (e este aparece na forma de um inspetor). Mas, como se diz: cuidado com o que você pede. Sempre há consequências. 
Essas e outras histórias no álbum Margem Negra. 
Apoie esse projeto no Catarse: https://www.catarse.me/pt/margemnegra

O clube dos cinco - uma aula de roteiro

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Um dos critérios que uso para distinguir se um filme é bom ou não é assisti-lo uma segunda vez. Já ocorreu de filmes em que gostei da primeira e simplesmente não consegui assistir pela segunda vez. E outros que melhoram a cada vez que assisto. Exemplo disso é o Clube dos cinco (filme de 1985, de John Hughes que transformou o gênero teen num fenômeno global) que assisti recentemente no Netflix e assisti de novo quando passou no cinema. 
Ao contrário de muitas imitações que surgiram posteriormente (algumas das quais ainda estão por aí até hoje, a exemplo de Malhação), o filme de Hughes é uma obra-prima em que cada take tem algo de genial, a começar pela sequência inicial. A cena de abertura mostra os cinco estudantes chegando para o sábado em que ficarão de castigo na escola. Nessa única sequência entendemos quem são eles, a relação que ambos têm (ou não) com os pais etc. É um primor de primeiro ato, em que os personagens e a ambientação são apresentados de forma espontânea, simples, mas significativa.
Roteiros sobre pessoas confinadas são os mais difíceis, pois as opções de ação, conflito e desenvolvimento ficam extremamente limitadas. O diretor e roteirista John Hughes no entanto, produziu um roteiro perfeito, em que a cada passo se estabelece um conflito, seja entre eles, seja deles com os pais (que não estão ali, mas acabam tendo grande importância na trama - afinal é um filme sobre adolescentes), seja deles com o professor, seja deles com o grupo que frequentam e as pressões sofridas. E, no final, o conflito é resolvido de forma totalmente orgânica, natural, ao perceberem que, apesar de todas as diferenças, há muito mais em comum.
Se todos os méritos do filme já não valessem assistir, vai mais um: a longa cena da conversa entre os cinco e o depoimento do esportista, aquele que aparentemente é o mais raso de todos, mas acaba se revelando um dos mais sensíveis e a incrível direção com um travelling horizontal que aumenta em muito o impacto da cena.
Enfim, um filme para assistir, assistir de novo e de novo.

Resenha: como escrever quadrinhos

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CB - Gian

Como escrever quadrinhos de Gian Danton é um livro que se propõe a abrir a oficina de um escritor e pesquisador de quadrinhos de maneira sistemática e didática. Gian Danton (pseudônimo de Ivan Carlo) além de professor da Universidade Federal do Amapá, possuí uma larga experiência como roteirista de HQs: desde os anos 1990 sua produção incluí obras premiadas como Manticore,e parcerias com desenhistas da envergadura de Joe Bennett e Eugênio Colonnese. Como escrever quadrinhos acaba por ganhar um raro equilíbrio entre a prática do roteirista e a reflexão do acadêmico, algo raro de se ver mesmo em obras consagradas como o Guia oficial DC Comics:desenhos e roteiros de Klaus Janson e Dennis O´neil ou Como desenhar histórias em quadrinhos no estilo Marvel de Stan Lee e John Buscema.

Em seu texto, Gian disseca a arte de criar roteiros para quadrinhos. A precisão conceitual do autor é ampliada pela notável capacidade em ilustrar os termos apresentados com exemplos advindos da sua prática criativa. O que se estabelece é um diálogo vívido entre Gian e o leitor durante toda a leitura. Leia mais

Os anos de inventividade do terror nacional

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Idealizado pelo coordenador da Gibicon e sócio da ZnorT! Fabrizio Andriani, o projeto de financiamento coletivo ‘Margem Negra’ capta pelo site Catarse o valor de R$ 21 mil para produzir um álbum histórico que reúne as histórias produzidas pela dupla Gian/Bené nos anos de 1980/90. Com o passar do tempo, o material se tornou um clássico do quadrinho nacional de terror.
À época, tanto Gian Danton (roteiro) quanto Bené Nascimento (desenhos) estavam em início de carreira, na longínqua região Norte do Brasil. Mais tarde, Gian se tornaria um dos mais premiados roteiristas de gibis, com livros sobre a técnica e pesquisas acadêmicas; e Bené passaria a se chamarJoe Bennett, um prestigiado artista da Marvel e da DC Comics, com trabalhos ligados a Alan Moore.
Os gibis produzidos no início da carreira de ambos se fixariam na memória do quadrinho nacional, despertando o interesse de antigas e novas gerações de leitores. Mas as histórias ficariam décadas longe do mercado editorial, permanecendo praticamente perdidas em acervos pessoais e de instituições como a Gibiteca de Curitiba. Graças ao projeto, todo esse material pode vir à luz e retornar, pela primeira vez, em um livro que se chamará ‘Margem Negra’. Leia mais 

Gian Danton busca financiamento para livro de terror no Catarse

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Um som aterrador soa pela cidade. Quem o ouve tem seu cérebro modificado e se transforma num zumbi, governado pelos instintos mais básicos e violentos do ser humano. Essa é a premissa de O uivo da górgona, livro de terror de autoria do roteirista de quadrinhos Gian Danton que está no site de financiamento coletivo Catarse.
Gian Danton é roteirista de quadrinhos desde 1989. No começo da década de 1990 ficou famosa sua parceria com o desenhista Joe Bennett, em especial nas histórias de terror lançadas em revistas como Calafrio e A hora do crepúsculo. No ano 2000 escreveu a graphic novel Manticore, que transformava o fenômeno chupa-cabra numa trama de horror e ficção-científica e faturou diversos prêmios. Nos últimos anos, além de quadrinhos, tem se dedicado à literatura, participando de diversas antologias de fantasia e terror. Seu primeiro romance, Galeão, é uma história de fantasia sobre um navio à deriva no Atlântico.
O uivo da górgona, embora seja literatura, tem um estilo que ecoa as tiras de quadrinhos com capítulos curtos que terminam em uma situação de suspense que é desenvolvida no capítulo seguinte: “O uivo é resultado de um apanhado de referências, desde meu interesse pelo cérebro humano e os comportamentos coletivos até narrativas como O Eternauta, do roteirista argentino Oeterheld, em que o suspense é usado como elemento fantástico”, explica Gian Danton.
Na história, pessoas que ouvem determinado som têm as células do neocórtex destruídas e passam a ser governadas pelo complexo reptiliano, num comportamento violento e puramente instintivo.
Outra atração do projeto são as ilustrações do desenhista paranaense João Ovitzke, pouco conhecido no meio editorial, mas dono de um traço que combinou perfeitamente com a história de terror. Outro desenhista que estará no projeto será Antonio Eder, antigo parceiro de Gian Danton em várias histórias em quadrinhos.
O livro terá entre 250 e 300 páginas (se uma das metas estendidas for alcançada, o volume contará também com um conto dentro do universo da história) e pede 4 mil reais. Entre as recompensas há outros livros e quadrinhos de Gian Danton. Para apoiar basta acessar o endereço do Catarse (https://www.catarse.me/pt/gorgona) e escolher a recompensa.
SERVIÇO
Livro O uivo da górgona
Endereço no Catarse: https://www.catarse.me/pt/gorgona

Contribuição mínima: 10 reais
E-book promocional http://ivancarlo.blogspot.com.br/2015/09/e-book-o-uivo-da-gorgona.html

E-book uivo da górgona

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O uivo da górgona é uma história de zumbis diferente, em que um som estridente destrói o neocórtex e o complexo límbico das pessoas, transformando-as em seres irracionais, governados pelo complexo R. Além de uma história de horror é uma crítica ao processo, cada vez mais atual de massificação da humanidade. 
O livro está no site de financiamento coletivo Catarse (para quem não conhece, funciona como uma espécie de pré-venda, na qual a pessoa apoia e recebe diversas recompensas). Para acessar o projeto, clique aqui.
Clique aqui para baixar o e-book promocional e conhecer a história. 

Gian Danton no Festival Internacional de Quadrinhos

Letimotiv: o motivo condutor

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A cidade de Cartão Postal em Refrão de Bolero muda de significado no final da história. 
A palavra Leitmotiv foi usada inicialmente para analisar a obra de Wagner e pode ser traduzida como "Motivo condutor". 
Em roteiro tem se usado para uma ação ou objeto recorrente que expressa os sentimentos ou estado do personagem, ou até mesmo uma mudança nesse estado.
No filme de Billy Wilder Pacto de sangue, o chefe do protagonista nunca consegue acender o cigarro (e quem acende para ele é o protagonista). No final, quando o protagonista está caído no chão, é o chefe que acende o cigarro para ele. O cigarro aí era a representação primeiro de como o personagem estava conseguindo enganar o chefe, e depois de sua derrota, de sua incapacidade de continuar com a farsa e sua derrota intelectual.
Em Pacto de sangue, o cigarro representa empodeiramento.
Em Refrão de bolero, a expressão "Cidade de Cartão Postal"é usada pela protagonista para se referir a Belém, quando ela está ali como turista. Depois, quando ela foi assaltada e se vê sozinha, sem dinheiro ou documentos numa cidade desconhecida, ela diz: "tudo que tenho é um corte na mão... e uma cidade de cartão postal". A expressão é um Leitmotiv que representa, primeiro, sua impressão de turista sobre a cidade e, depois, sua nova visão sobre ela, o que irá, de certa forma, desencadear o segundo ato.
No filme aconteceu naquela noite, de Frank Capra acompanhamos uma moça rica que está fugindo do pai, indo para Nova York incógnita para impedir que seu pai anule seu casamento com um aviador. No meio do caminho ela conhece um jornalista, que se oferece para ajudá-la em troca de exclusividade sobre a história (o desaparecimento da moça virou notícia nos jornais). Quando o ônibus para, os dois, sem dinheiro, alugam um único chalé e o jornalista estende um cobertor no meio do quarto para separá-los e diz que é a muralha de Jericó. Foi uma forma esperta de Capra burlar a censura da época (afinal, um casal não casado dormindo juntos no mesmo quarto não era bem visto pela sociedade americana), mas acabou se tornando um Leitmotiv que expressava exatamente a tensão entre os dois, inclusive a tensão sexual. No final, do filme, a queda a muralha de Jericó simboliza o fim da tensão e a união sexual dos dois.
A "muralha de Jericó" simbolizava a tensão entre os personagens.
De uma forma menos sutil e mais geral, podemos usar a expressão Leitmotiv para nos referir a uma ação do personagem que revela suas verdadeiras intenções. No meu romance O uivo da górgona, em determinado ponto uma personagem que o leitor imagina simpática e que em outras ocasiões havia acariciado o cachorrinho da históira se abaixa para acariciar o cachorro... e em seguida lhe quebra o pescoço. Esse ato, descrito de maneira seca e sem sentimentos desvela ao leitor a verdadeira natureza da personagem.
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